22 de agosto de 2014

[III]


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Fonte: Graça Loureiro


Continuo assustada com meus caminhos. Eu, que já não contava com a resposta que acalmaria essa aflição, tive muito mais: tive a ti. Quando te vi, sucedeu de o tempo tomar outro curso. Paralisei-me. Bebi. Tentei parecer segura de mim. O que te trouxe até mim ainda parece-me sombrio. Remorso pelo súbito silêncio? Impulso motivado pelo álcool? Ou minha dança te atraía? Nunca saberei. Quando me dei conta, tu estavas aqui, ao lado. Meu corpo ganhou novas conformações. Julguei, por um momento, que meu coração saltaria no meio da pista de dança - e só assim, quem sabe, eu poderia livrar-me dele. Quando disseste "Vens comigo?" fui devastada por tamanha felicidade, pensei que não escaparia. Não escapei. Não escapei dos teus encantos. Não escapei do domingo. Meu corpo continua na tua cama; a tua mão, no meu seio, a escutar os sons do meu corpo. Permaneço junto a ti.  E esta imobilidade do corpo confunde meus passos. Não sei por onde sigo. Perdi-me nos meus dias. Recebi tuas migalhas amorosas e a vida pareceu-me mais que possível. Pareceu-me bonita. Tive vontade de vivê-la. Hoje arrasto-me devagar pelas horas a espera, mais uma vez, da tua resposta. Não sei se virá. Ou como virá. Ainda vivo no domingo. Vivo em tormento de alma.  

Um comentário:

Anônimo disse...

Não vem. Não vai vir. Nunca vem.