8 de agosto de 2014

[II]

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Fonte: Graça Loureiro

Tua boca ainda permanece junto a minha quando fecho os olhos. Não sei porque não consigo te acertar o coração. Nossas mãos se desencontram e nossos pés andam em desalinho. Não seremos nada. Não consigo ser nada para ti. Hoje, que tenho eu a te oferecer além desse coração surrado, cansado e moído pelos dias? Não há nada dentro de mim para te oferecer, enquanto acreditei que poderia te oferecer tudo. Graças a ti, encontrei-me na minha própria escuridão. Por pouco, deixei de sentir frio. Não medo. Fui tomada por uma ternura desmedida no coração. Este, que poderia ter sido teu, se tivesses querido. Sinto falta do que nós não pudemos viver e isso dói-me assustadoramente. Porque tu em mim não foste mais que uma invenção da esperança. Estavas fechado, como eu mesma me vejo agora. Não há nada mais que eu possa fazer. Fiz tanto e tu nunca saberás. Fiz muito dentro do meu coração. Por que não pudemos ser recíprocos?  

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