10 de abril de 2008

Da tua ilha

Se não sais de ti, não chegas a saber quem és.

Saramago



Dias contados para a tua partida - que de todo modo é também uma partida no meu coração: em alguns pedaços incontáveis, impossíveis de juntar. Vais a procura da tua ilha desconhecida, enquanto eu fico com a que eu conheço e obviamente, não tenho. Penso em quando tu finalmente a encontrares, se é que tu poderás encontrá-la tão facilmente. Talvez ela já esteja em ti. E, às vezes, é preciso cegar os olhos para poder enxergá-la - no que tua aguçada visão poderá te desfavorecer. Até porque tu não te deixas conduzir pela música que canto. Enquanto os dias estão contados, até que tu saias e não mais regresses. A música continuará a tocar - sem ti nos pensamentos. Porque antes de ti, não havia ilhas, nem sonhos, nem angústia. Só paz. E a razão de eu cantar, perde-se totalmente na ausência que tu és em mim. De tão [im]palpável, não sais de mim. Descobrir-me viva por ti foi a tua maior gentileza. Então, não me preocupo com os antecedentes e precedentes da tua ida rumo a tua ilha desconhecida - sem regresso provavelmente [para mim]. Se tu não voltares, não me causarás mais espanto. E deixarás de fazer qualquer sentido. Não, não quero que voltes. Prefiro te ver afastado de mim.


Gostar é provavelmente a melhor maneira de ter,
ter deve ser a pior maneira de gostar.

Saramago

2 comentários:

V. disse...

(...) tenho de começar a ler saramago! :)

e já dizia o outro, todo o homem é uma ilha, né?

beijinhos*

victor disse...

só no sentido de homem = humano.
tem algumas desacordadas pro mundo, assim como alguns.