13 de abril de 2008

No mais, estou indo embora.



Ainda insisto em riscar o chão de giz. De fato, as palavras nunca estarão finalizadas: haverá sempre alguma a me escapar das mãos e dos pensamentos. Apetece-me é te tirar completamente do peito, queimar-te como queimavam os hereges medievais. Só assim tu não mais me atormentarias com todos os teus se's e quase's. Só assim eu respiraria menos lembranças inertes da tua voz: a única coisa que possuo de ti. Só assim tu não estarias tão presente nos sonhos do vir-a-ser e tampouco nos pesadelos da dura e fria realidade. Procuro algo de palpável nisso tudo e só encontro vazios e silêncios. Antes tínhamos muito o que dar ao outro, certamente. Começo a entender que tu és uma criação milagrosa minha, que tu és nada mais do que fantasia de sonhos descoloridos. Não fui pra sempre acorrentada no teu calcanhar. Das palavras gastas, só te imploro docemente que me deixes em [ou sem] paz. Porque agora, as palavras estão realmente gastas.


Adeus.

5 comentários:

Divinius disse...

Deixo isto*)

V. disse...

ao ler-te, lembrei-me disto:

Era este o vício de que jamais haveria de me desprender: nunca, nada, ninguém. E toda a minha vida é fuga de ti. Toda a vida renegação de ti. E assim, de instante a instante, a mais violenta afirmação da tua presença. A tua falta tornou-se a aparência que enlouquece, o não no sim. Nunca, mas nunca, estiveste tão próxima agora que te renuncio, te renego. Nunca o mundo renegado foi tão apetecido. Tu que nunca foste minha, mesmo adormecida no meu colo, escapavas pelas portas cegas do sonho desejado. O meu inferno é tão-só a vã tentativa de me desprender de ti.

Pedro Paixão [ Ladrão de Fogo ]

*

Liana disse...

"Chão de giz" (e tudo mais que ela traz consigo) dói no fundo da alma. Que o tempo consiga amenizar tamanha aflição, então.

Anônimo disse...

quem é esse brotinho que ta te deixando assim ein? risos.

Marcelo Victor de Souza Gomes disse...

"Meus vinte anos de boy, that's over baby!"

A minha cara...