13 de abril de 2008

Ninguém sai com o coração sem sangrar.

Zé Ramalho




Antes de ir verdadeiramente embora [pra ilha desconhecida do Saramago ou para os meus devaneios tolos - e tontos a me perturbar], ofereço-te as últimas palavras, não minhas.


Escrevo a ti por não conseguir lidar com as possibilidades - mil interpretações arrebatam meus pensamentos silêncio após silêncio. Invado tua greve de palavras, portanto, para que haja novamente sinfonia (ainda que em sons incompletos). É um apelo desconcertante que vai além do meu orgulho, fato inegável, mas a angústia do quase encolerizou minha sanidade. Peço-te, então, que valides qualquer idéia não muito absurda, qualquer aglomerado de sentenças capaz de explicar as (in)diferenças que brotaram subitamente entre o que parecíamos estar sendo. Os riscos - implícitos em cada palavra - são muitos, por isso (des)meço sílabas e segundos. Se fui movida pela audácia, não sei, mas minhas veias dissipam valentia agora. Em se tratando de mãos e braços, acomete-me uma fraqueza que excede os limites da razão e me vejo, de repente, perpetrando os erros mais banais só para satisfazer uma curiosidade intrínseca à própria fraqueza. Espero impacientemente por um esboço de compreensão, ainda que me custe ulteriormente o desfazer definitivo de nossos laços. Nada me agride mais do que a apatia dos teus atos. Se há qualquer sinal tácito de intencionalidade neles, por favor, torne-os inteligíveis para que minha petulância não o perturbes em outras oportunidades.

Tirado daqui.