7 de dezembro de 2007

Da insubstancialidade.




Não foi difícil rever os lugares tortuosos que sempre me levaram a você. Doeu um pouco, confesso. Mas a dor foi ínfima diante da verificação de que eu (milagrosamente) ainda estou viva. Se estive morta durante esses meses, já me encontro bem desperta para tudo. Ainda no carro (provavelmente devido à alta velocidade), vi que os sentimentos e o tempo passaram indescritivelmente numa velocidade assustadora. O passado está muito longe, cada vez mais distante. E as mágoas, as feridas e o rancor que eu trazia sempre comigo, juntamente com todos os nossos pedaços [estraçalhados por você], ficaram bem para trás, como as árvores que se perdem ao longo do caminho. Se eu estivesse a andar, provavelmente doeria mais, eu sei. Principalmente a esta hora da noite, em que o álcool libera as lágrimas tanto reprimidas, cada dia mais reprimidas e as fazem voltar com uma intensidade que maltrata e punge. A intensidade sempre me foi algo dolorido, mas eu gosto de sentir assim, dolorido ou não. Nenhuma dor tem importância agora. Mas é gratificante saber que eu estou viva. Bem viva. E com os braços abertos para sentir tudo mais uma vez. 

2 comentários:

Amáh Ribeiro disse...

é otimo se libertar de algo que nos prende... que nos deixa mal...

a maior felicidade é saber que certos atos não nos machucam tanto quanto antes....


Adorei seu blog!


bjos

Anônimo disse...

so escreve quem sofre