9 de janeiro de 2008

Da fresta de luz



Fico pensando em o que fazer de mim quando tudo isso não for mais suficiente. Sempre preciso de algo que nunca me satisfaz. Nunca sacia. De sonhos quase impossíveis. De pessoas improváveis. De caminhos arriscados. De portas semi-abertas. De palavras não ditas e atos prolixos. De olhares errados. Não sei se quero entrar em algum lugar para efetivamente ocupar algum espaço. Porque, no final das contas, nada fica realmente. Sempre eu como uma estúpida fico. O que fazer de mim quando as pessoas que eu amo não forem mais tão importantes? O amor acaba, eu sei. Tentamos nos apegar a ele com todas as nossas forças, mas ele é tão líquido [ou seria gasoso?], que escapa aos nossos dedos. Fico pensando o que será de mim quando eu abrir mais uma porta errada. Quando entrar mais alguém [pela porta errada também] e juntos traçarmos um caminho resolutamente errado, veredando pelo corredor minúsculo dos acertos. O que fazer de mim? Deixar-me levar, somente?

Foto- Vincent Teulière

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