29 de outubro de 2007

Ausência


O teu silêncio ainda machuca. As palavras que não foram ditas por ti, deixaram em mim um abismo intransponível, que cada vez mais nos distancia. Entretanto, era essa a finalidade, né?
Se essa ausência de tudo que passou não fizesse tanto sentido, se não parecesse tão real, certamente eu não estaria te escrevendo. Se, se, se... Que foi tudo real, é um fato. Se foi verdadeiro é algo que me custa a acreditar. Tuas ações, analisadas de fora, são passíveis à discussão, não se apresentam mais com o véu da ingenuidade e da certeza de outrora.
A dúvida consome os restos da minha frágil força. Mas antes a dúvida que dilacera o meu peito à uma aparência que consola, disto eu estou certa.
Minhas palavras e atitudes talvez enfatizem sentimentos não presentes em mim, ou demasiadamente presentes que se perdem neste mundo que sou eu. Infelizmente, as coisas não podem se configurar de outra forma.
Sinceramente, pouco me importa o teu olhar em direção ao meu. Nossos olharem não se completam mais, tampouco se enxergam. Eles se vêem apenas. Eu não te enxergo porque eu não te reconheço. Você não me enxerga, mas eu continuo a mesma.
Queres me destruir, teu olhar não engana. Porém saiba que quantas forem tuas tentativas, igualmente serão minhas reconstituições.
Eu não te amo mais. Eu amo essa miserável ausência que arranca minhas lágrimas sem piedade, meus sorrisos, meus disfarces, minhas frases feitas, minha cara deslavada de superação. Sabes que é assim, que eu não te amo (mais). Eu amo isso que eu não sei explicar, essa aparente infelicidade que todos notam em mim, essa angústia que me consome, essa saudade ignóbil do caos que fomos nós.

Esse caos que fomos nós ainda me atormenta.

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