23 de setembro de 2007

Possíveis auto-definições


Graça Loureiro

Às vezes eu tenho surtos e choro até dormir. Outras, acho graça até perder o fôlego. Isso acontece com frequência. Eu minto para mim mesma, escondo verdades óbvias que não quero enxergar. Às vezes penso que tenho transtorno bipolar. Meu humor é extremamente sensível à contingências externas. Logo, é absolutamente normal para eu estar sorrindo em um momento e 3 minutos depois sentir aquela vontade de pular do 12º andar. Sou confusa e meus pensamentos e sentimentos expressam bem essa confusão. Tenho um coração que não se conforma com as variações espaciais e temporais. Ele quer ir a todos os lugares e ao mesmo tempo nenhum. Sou exagerada, o que é claro e evidente em minhas ações. Não vejo a possibilidade de sentir qualquer sentimento sem intensidade. Talvez aí esteja a minha definição. Quero abarcar o mundo com as mãos, quero ler todos os livros do mundo, quero ir embora para a Rússia e viver de Literatura.
Sempre faço promessas para para de roer as unhas. Em vão. Meu nervosismo não permite estas promessas se concretizarem. Tenho mania de perseguição, assusto-me facilmente. E gosto quando as pessoas me acalmam (ou pelo menos tentam). Gosto da solidão, mas prefiro a presença, física ou não, aquela que melhor me complete. Odeio mentiras. Eu já fui sensível a mentiras sinceras. Hoje elas não me interessam mais. Gosto e desgosto das pessoas de maneira rápida e cruel. Tenho um grande defeito: eu amo demais. Não consigo gostar poucos das pessoas. Entrego-me. Sou instável, inconstante, tempestuosa. Mas sou sensível. Quando falo, transbordo. Quando calo, transbordo. Os sentimentos fluem em mim de maneira desconexa e desorganizada, assim como meus própios pensamentos.
Eu sou um caos que não quer se organizar. Eu gosto de ser assim.

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